sexta-feira, 19 de março de 2010

AS GUERRAS RELIGIOSAS - 01



O mundo europeu, em que aconteceu a reforma luterana e calvinista, é o mundo medieval no qual não se imagina a convivência de duas crenças num mesmo território. Tanto o Papa, como Henrique VIII, Lutero e Calvino têm bem claro que a heresia deve ser extirpada com a violência.
O período foi marcado pelo surgimento de Estados fortes: França, Suécia, Inglaterra e os estados alemães, todos eles com ambições imperialistas. Aderir à reforma poderia significar apossar-se dos imensos bens eclesiásticos e controlar a Igreja. Deste modo, à medida que países aderiam à Reforma protestante, suas populações eram obrigadas a aceitá-la ou procurar o caminho do exílio. Se o príncipe mudasse de crença, os súditos deveriam fazer o mesmo. Neste campo, temos histórias de heroísmo tanto entre os católicos como entre os luteranos e calvinistas, muitos escolheram a morte ou o exílio para continuar testemunhando a fé.
O SONHO DOS CAMPONESES
Desde meados do século XV havia fermentos de revolução camponesa nos principados alemães. Sua extrema pobreza e opressão fê-los ver nas riquezas das igrejas e mosteiros uma das causas da miséria e um estímulo para a luta. No início do século XVI, a rebelião camponesa tornouse mais vasta e ameaçadora. Religiosamente ganharam impulso pela pregação de Lutero a respeito da liberdade cristã.
Em seu “Convite à paz”, Lutero reconhecia a legitimidade de grande parte das reivindicações dos camponeses. Em 1524, mais de mil castelos e mosteiros foram incendiados durante a guerra dos camponeses em toda a Alemanha. Os príncipes protestaram jun-to a Lutero: ou eles ou os camponeses.
Neste momento, há a inversão do pensamento luterano, inversão que o marca até hoje: se ele continuasse defendendo os camponeses, perderia o apoio dos príncipes. Escolheu os príncipes: incitou-os a trucidar os camponeses como cães raivosos, porque isso seria obra agradável a Deus.
A revolta foi sufocada em maio e junho de 1525 e castigos terríveis foram aplicados aos vencidos. Os príncipes saem fortalecidos e, para salvar a Reforma, Lutero confere-lhes o poder de “bispos exteriores”, com amplos poderes nos negócios eclesiásticos.
Mais da metade dos principados alemães abandonaram o catolicismo, misturando convicção religiosa com ambição político-econômica. E assim, por uma dessas ironias da história, os cristãos, livres de Roma, ficaram submissos a seus príncipes também no campo religioso.

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